sexta-feira, 30 de abril de 2010

Aline no País das Maravilhas

Já comecei a falar do Mundo das Maravilhas há muito tempo, desde que era criança e tinha Alice no País das Maravilhas como desenho predileto, que assistia todo dia, ao voltar da escola. Essa semana, em especial, quis voltar a falar dela, devido à estréia do filme com direção de Tim Burton. Assim, comecei a divagar sobre ela no outro blog, como podem conferir, e agora venho aqui, falar mais e mais. Mas vou deixar a Alice de lado só por hoje, e me focar apenas no País das Maravilhas, no meu. Aquele que cultivo no meu imaginário desde criança, e que o filme dava asas para voar.

Nesse mundo só meu, as flores não morrem, e não falo das de plástico. É sempre primavera, o amor tem sempre a porta aberta e nosso futuro sempre recomeça. Em todas as mesas, há pão, e no chão, flores enfeitando os caminhos e os destinos. No meu País das Maravilhas, os índios não são mortos para ganharmos um milhão, e todas as crianças têm educação. Ano de eleição é festa, mas não devido ao Brasil ser Hexacampeão: a democracia acontece em seu esplendor, e bons tempos se iniciam com alguém a acabar com a corrupção, a trazer progresso e honrar cada frase do nosso hino e cada voto de gente honesta, que o fez ganhar o poder da nação.

No meu País das Maravilhas, notícia de jornal é ação altruísta pelas crianças com fome na África, cura de doença terminal, fim das secas no nordeste, camada de ozônio regenerando, capitalismo se modificando, para não haver tanta competição, e assim, todos progredirem juntos.

País das maravilhas, ou Mundo das Maravilhas, é todos terem a arte de viver da fé, sabendo muito bem que um só Deus ao mesmo tempo é três e esse Deus será idolatrado por nós, porque é justo deixar um Deus feliz.

Utópico seria não haver solidão, soberba, ira, avareza. E dos pecados que existem, se só restasse gula por caridade e preguiça de desvio de verba. Graças a Deus, sonhar ainda é de graça, e que sonho louco meu lado Alice alimenta no meu imaginário, nesse mundo com flores gigantes, casas de chocolate e um pólo norte todo de sorvete. Onde os bichos falam conosco, entendemos seus sentimentos e os tratamos dignamente. Onde podemos ouvir da lagarta, suas lições antes dela virar borboleta, e aproveitar suas últimas 24 horas de vida voando pelo infinito azul. Onde podemos ver gatos sorrindo e desaparecendo, onde coelhos dizem que ainda é cedo, cedo, cedo, cedo, cedo...Para desistir dos nossos sonhos. Onde chapeleiros malucos comemoram o desaniversário de todos os excluídos, e uma xícara de chá seja ofertada a todos que tem fome.

Eu quero mudar o mundo, e me acho pretensiosa demais por isso. Mas ser despretensioso não leva a nada. Quem me dera ao menos uma vez, existir um cogumelo que nos faça crescer e diminuir! Crescer como seres humanos, como bons espíritos, livres e que não deixam nada lhes possuir. Diminuir o medo que escorre entre nossos dedos e o fracasso que de vez em quando, nos sobe à cabeça. Essa é uma parte do meu País das maravilhas, que seja sonho ou fantasia, somos quem podemos ser, sonhos que podemos ter. E sonhos vem, e sonhos vão, e o resto é imperfeito. Venha sonhar nesse mundo, que o que vem, é perfeição.

By Nine


sexta-feira, 2 de abril de 2010

Como os Pássaros me Ajudaram a Entender Deus

O Post dessa semana não era pra ser esse. Novidade. Tinha pensado nos mínimos detalhes para fazer um texto sobre Respeito. Aquilo, que a educação manda usar, mas que está em extinção. Ia aproveitar a Semana Santa e explanar sobre respeito, e a minha vontade que ele volte à moda, aproveitando que as coleções Outono-inverno já estão nas vitrines, e prometendo arrasar. Pena que valores tenham saído de moda e só exista espaço na moda para superficialidades.

Mas, porém, contudo, todavia, estava eu, numa sexta-feira de linda manhã ensolarada, pós plantão na noite anterior, fazendo uma inocente caminhada. E eis que nesse cenário, vi uma das cenas mais belas que a natureza já me proporcionou. Um espetáculo cujo diretor era Deus, e eu estava ali, na primeira fila.

Eu caminhava à margem do mar. E alguns pássaros sobrevoavam ali, pousados na água como patinhos a nadar. Até aí, tudo bem. Ficou meio impressionante, quando bandos e mais bandos (coletivo de pássaros? Falha de memória do meu tempo de primário, oras) de pássaros vinham voando na direção destes, que estava todos juntos nadando, como um tapete sobre a água. Os que vinham, se juntavam a estes que já estavam, e alguns poucos voavam baixinho, em círculo, sobre os que nadavam, com um balé incrível que parecia ser a coreografia da música que eu ouvia no meu mp3.

Ao olhar pro Horizonte, para a direção de onde vinham os pássaros, milhares deles vinham ainda voando nessa direção, como se tivessem mesmo marcado uma festa ali, ou como se pressentissem o encontro. Não demorou muito, e todos paravam para olhar aquele espetáculo em plena 8 horas da manhã de uma sexta-feira como outra qualquer.

Também não demorou muito para os milhares de
pássaros cobrirem a água de tal forma, por serem muitos, que não víamos água, só um imenso tapete voador, com mergulhos repentinos, e demorados - meu Deus, o que aconteceu? - e emergiam com um peixe. Uau. Simples?Que nada. A cena a seguir me explicou tudinho. Depois de dançar no ar, nadar e comer, os pássaros saiam de dois em dois, voando de volta, de onde vieram. Eles vieram namorar, tá explicado. A dança, no mínimo é parte dos encontros de amor deles.

E com isso, me recordei de um livro que li, amei e mudou minha vida, se chama "Como os Pinguins me ajudaram a entender Deus", do americano Donald Willer. No livro, ele, um ex-ateu que se converte ao protestantismo, fala de como o "sexo dos pinguins", como ele mesmo define, o ajudaram a entender Deus, porque algo perfeito e sem explicação, só pode ter Deus no meio. Meio, começo e fim.

Ele explica um documentário que viu na TV onde o Pinguim macho fica "chocando" o ovo por meses e meses, enquanto a fêmea sai em busca de comida, numa longa viagem. Mas ela sempre retorna no dia exato que o filhote nasce, horas antes, assumindo o posto de "parideira". E isso, pra ele, é um marco em sua fé. E ele dá muitas lições no decorrer da leitura. Coisas deliciosas de se ler, até porque em momento algum ele nos diz coisas que nos fazem seguir e crer. Mas ele conta tudo que aconteceu com ele pra que ele passasse a ter fé. E isso sim, vale mais que mil
palavras.

Acho, que naquela sexta-feira humilde e despretensiosa, algo mudou em mim, ao ver aquela cena, que se compara aos Pinguins de Donald: Eu me senti inexplicavelmente feliz por estar ali, mesmo não gostando de atividade física. Eu me senti numa trilha-sonora de final feliz de filme. Eu só pude agradecer por estar ali, quando muitas vezes esbravejei por nada, tendo sempre tudo de melhor na minha vida, e querendo sempre mais do que está ao meu alcance, desvalorizando inconscientemente todas as jóias que estão me afortunando.

Eu agradeci minha vida, e minha Saúde. Eu agradeci pela vida dos meus pais, minha irmã, meus amigos. Eu agradeci por ter amor de muitas pessoas. Agradeci meu emprego. Pedi a Deus para curar uma amiga. Pedi a Ele para ajudar outra a conseguir a viagem que tanto quer para um país distante, o que me fará sentir muitas saudades. Pedi por uma amiga que vai fazer uma prova. Pedi pela minha prova. Pedi um bom dia. Pedi por uma amiga que se foi, e por outra que ficou. Agradeci pelo que meus olhos viram. E agora, me sinto renovada ao escrever isso, com a chance de talvez não ser lida por ninguém. Ou mesmo, ser lida, mas compreendida, talvez não.

Porque as experiências mais marcantes que temos em nossas vidas são ímpares. Vivemos e nos deliciamos, mas para os outros, são "apenas cereais". No filme "Click", o homem que dá o controle remoto à Adam Sandler, diz que a vida é como um comercial de cereais. Que tudo parece mágico até chegar aos cereais, no fim do arco-íris, mas que quando chega lá, são apenas cereais, pois a graça não está em chegar atá lá, mas em tudo o que acontece no caminho até onde se deseja chegar.

É isso. O caminho é mais importante que o destino final. Até porque, ninguém quer o final, quer o meio. E que ele seja recheado de sabores, prazeres, delícias, espetáculos em plena terça-feira a tarde, de chuva e frio. Surpresas. Mágicas e espantosas, mas que tirem nossa alma da mesmice, da apatia e da rotina cansativa e que apaga nossa vontade de algo novo.

Que nessa semana, Santa por convenção, possamos refletir. Repensar nossos valores, nossa fé, e o que verdadeiramente nos move e nos faz mover montanhas. Que Santa, não seja a semana onde um homem morreu pra nos provar que a vida vale a pena, e renasceu para que tenhamos esperança. Que Santo seja a forma como direcionamos o nosso olhar, com sensibilidade o suficiente para não deixar morrer a esperança em lugar algum. E para que a fé possa ser vivo instrumento capaz de gerar mudanças no mundo que queremos melhor pra nós.

Feliz Páscoa a todos.

Vívian, sinto saudades de ti.

By Nine

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